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quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Reflexões em texto


Estou sentada na esplanada de um bar à beira-mar. Acabei de terminar um mini trabalho para entregar amanhã. Enquanto fui passando a carta que me pediram para dactilografar, fui relembrando os meus objetivos a curto prazo, aquilo a que me propus tentar alcançar por forma a melhorar a minha vida em todos os termos, tanto profissionais como emocionais. Algo me falha. Sempre me falhou. Talvez o medo de errar, de aceitar imperfeições no meio da tentativa de alcançar a perfeição que não existe. Um dia, disse, no meio de mulheres iguais a mim e cujas admiro pela determinação, que gostava de acreditar mais em mim e nas minhas capacidades, gostava de ter a capacidade de arriscar mais, de me lançar no desconhecido. Sim, às vezes quebro por ter medo do desconhecido. Sempre gostei de ter os pés sempre bem assentes no chão, de controlar as situações por forma a não cair em situações embaraçosas ou até desagradáveis. Sou, nesse aspeto, bastante controladora. Detesto desordem, provoca o caos, problemas. Mas, por vezes, quando as coisas chegam a limites que não dá para controlar, o chão debaixo dos pés treme ou desaparece.
De repente, dou-me novamente a pensar num tema que verifico recorrentemente.
Sempre achei que as pessoas são demasiado egoístas para entrarem em relações sociais, homens e mulheres. Sempre achei que o pensamento se encontra limitado pelos estereótipos da sociedade, principalmente a portuguesa. Se és solteira e com mais de 30 anos, não podes travar conhecimento com um homem, que logo se pensa que queres algo com ele. E relação de amizade, onde fica? E mesmo que surja o interesse…será que as pessoas não têm a capacidade de ter uma conversa franca e séria ao ponto de estabelecer limites, de dizer um sim ou não assertivo. Neste momento, não. Olham muito para o pacote, para o que o outro pode dar ou não. Não conseguem simplesmente falar, conversar, assumir posições, sentimentos. Preferem ignorar, não conhecer. Vivemos numa sociedade tão egoísta. Ainda estou aqui no bar…a beber um fino, sim fino e não imperial, e a pensar…ás vezes, quando convido as pessoas, é com o objetivo de que elas saiam mesmo, que convivam, que percebam que todos somos diferentes, todos temos as nossas imperfeições, todos corremos atrás de sonhos, todos nós temos qualidades e defeitos e é isso que nos diferencia. Será que não compreendem que estão a ser injetadas com ódio, egoísmo, falsos moralismos, informação despropositada, stresses, interpretações erradas…. Estou aqui ainda a beber o fino e adoro gozar a vida assim…sentada numa explanada, a olhar o horizonte, a ouvir uma música de fundo que relaxa, a conversar, brincar, experienciar, libertar sentimentos, tomar posições, dar opiniões com calma, saber discutir um bom tema, sem entrar em discussões fúteis por detrás de um ecrã. Estamos a acostumarmo-nos a uma vida sem teor social, sem as idas ao café ao final do dia ou depois de jantar para conversar, estamos a ser consumidos pela monstruosidade dos media e das novas TIC, estamos a deixar de lado tudo aquilo que nos difere dos animais, a capacidade de relacionamento e troca de informações, porque dominamos a palavra. Restringimos o nosso mundo apenas ao que de melhor nos representa, não nos mostramos num todo, enganamos as pessoas de tal forma que existem depois sempre grandes desilusões. Não temos os tomates para assumir atitudes. Falamos mal uns dos outros nas costas, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Por detrás de um ecrã conseguimos ser quase os donos do pedaço, mas em frente das pessoas, cara a cara, somos tão cobardes, que até gaguejamos. Não somos assim tão maus. Somos humanos. E temos a capacidade de saber distinguir entre aquilo que nos faz bem e o que nos faz mal. Uns dão demasiada importância a pequenos pormenores, outros desvalorizam, mas no fim, o que contam são as pequenas atitudes que temos de ter para com os outros para que tudo fique bem, para que ninguém sofra. Mas, o egoísmo acaba por transformar o outro em coisa…
O que é que nos leva a postar apenas a nossa parte boa? Mostrar aos outros que estamos bem? E a nossa parte menos boa? Não mostramos? Não falamos? Porquê? Vamos enganar os outros naquilo que somos só porque dizem que não é politicamente correto ou que não devemos colocar questões privadas nas redes? Mas quando postamos situações da vida privada que nos fazem felizes, quando postamos frases moralistas porque supostamente nos identificamos com elas, não estamos a partilhar questões privadas? Cheguei a ter muitos atritos com pessoas nas redes porque não sabiam aceitar opiniões minhas desfavoráveis em relação a tomadas de atitudes das mesmas e isso deixa-me triste, porque verifico que elas não são capazes de lidar com uma critica construtiva, ainda para mais quando ela se torna semipública. É triste ver que as pessoas começam a tratar-nos como pessoas de má índole apenas porque tivemos os tomates de ter uma atitude e de enfrentar ou libertar os nossos sentimentos. Acabam sempre por levar para o lado mais negativo, mais critico. A capacidade de aprendermos e de nos autorregeneramos também passa por saber ouvir aquilo que, por vezes, não queremos. Só assim o individuo tem a capacidade de mudar e de crescer como pessoa. Pode ouvir as opiniões, não concordar e tudo fica bem, até porque todos pensamos de forma diferente. Mas o incorreto será sempre expor essa opinião contrária, negativa, publicamente, porque o outro olha logo como ataque pessoal, como humilhação do seu próprio ser, como altivez pela parte do outro. Acredito que em certas situações isso aconteça sim, mas o tom será sempre bem diferente. Quando nos indagamos publicamente contra alguém ou contra alguma atitude que desgostamos da pessoa, estamos a ser frontais e sinceros e muito melhor, espontâneos. Mas até a espontaneidade pode ser negativa.

Já não me encontro a beber um fino, embora hoje de tarde tenha dado ar da sua graça. Agora encontro-me sentada no sofá, de pernas dobradas, a pensar que devia fazer aquilo que já há muito penso em fazer e que ainda não me saltou a tampa para o fazer, ou melhor, apareceu algum tipo de inspiração de poeta que desponte para que comece para aqui a escrever uma história. Gostava de escrever um livro. Ainda não sei bem sobre o quê, sobre que tema. Romance? Poderia afogar as minhas mágoas num! Já que isto de romantismo e amor está mais escasso que a chuva este ano. Aliás, seria uma boa oportunidade para mostrar ao leitor mais uma perspetiva sobre relações amorosas, mulheres, sentimentos e amor. Essa palavra que pouco se encontra no meu vocabulário. Policial??? Hum…bem…nunca tive muita queda para sequer ler, quanto mais escrever, mas nunca se sabe. História cómico-dramática???... Seria fácil…bastava falar de toda a minha vida!! Documentário histórico…já pensei em fazer sobre as Alhadas, mas esse…só com muita ajuda e coautores. Histórias para crianças? Bem…eu nunca tive muito jeito para crianças e sou sincera, que tenho alguma dificuldade em manobrar uma e passar os tempos das birras, pois dão-me cada volta ao cérebro. É nessas alturas que penso sempre que não quero ter filhos, embora gostasse, por outro lado, de perpetuar os meus genes (alguns, outros não!). E se calhar até teria facilidade em arranjar objetos, meninos e animais a falarem uns com os outros. Sempre tive queda para príncipes, reis e princesas. Resta saber o enredo, pois nessa área já há de tudo. Também há os de fantasia, tipo Porter, o Harry, mas também não é muito a minha praia! Resta-me o de ficção cientifica! Raios, nunca fui híper mega fã de Star Trek ou Star Wars. Mentira! Na altura até gostava de ver…mas era o que tínhamos! Nada contra quem gosta, atenção. Calma, ainda posso enveredar pelo erótico e se calhar até me safava bem, já que em mind games sou bastante intuitiva. Portanto, romance ou livros para crianças ou erótico.