Há algum tempo atrás, na minha vida, senti-me pressionada a mudar de estilo de roupa, de emagrecer, de usar sapatos altos, tudo isto para "arranjar" um homem.
De facto sentia-me sozinha e triste por ainda não ter encontrado ninguém na minha vida nos últimos anos que me aceitasse como sou.
Na altura, com poucos rendimentos, dada a crise que se instaurou por todo o lado, ainda apenas vivendo das explicações, o pouco dinheiro que me restava servia para os custos do mês seguinte. Cheguei a precisar de comprar umas sapatilhas, porque as que tinha já estavam a fazer buraco na sola e simplesmente não tinha dinheiro para comprar umas novas.
Cheguei a comentar isto com algumas pessoas e percebi que elas compreendiam a minha situação.
No entanto, quando dizia a outras, que me criticavam por usar "roupas de velha", que "mudavam tudo em mim", que não tinha dinheiro para comprar roupas novas, essas pessoas, que muito provavelmente nunca passaram necessidades e tiveram sempre quem as sustentasse mesmo em tempos difíceis, diziam-me que isso não era desculpa.
Pois lamento contrariá-las, mas de facto é uma das características que consegue diferenciar ricos e pobres, pessoas que têm dinheiro e não se preocupam com despesas e pessoas que têm de contar os tostões todos os meses para não falharem nos seus compromissos. A vós vos digo, crescer em berço de ouro, ter quem nos sustente ou "ajude" pela vida fora de forma desafogada e sem preocupações de menor é algo a que nem todos têm acesso.
Independentemente do que diziam e pensavam de mim, tentei mudar um pouco, tendo a noção das minhas limitações e aproveitando a sorte que me caíra na altura, quando comecei a ter mais algum rendimento, fruto de trabalho noutra área. Mas nada me fazia sentido.
Cheguei a comprar botas e sapatos que estão ali parados na caixa e os quais (as botas pelo menos) sei que já não irei voltar a usar, porque me senti, de alguma forma, pressionada a comprar. Eu até nem sou muito de sapato de salto alto, por vários motivos de saúde: coluna e peso. Mas comprei...e agora vejo o erro que cometi.
A questão aqui é simples: nunca deixei de saber vestir-me bem. Apenas não sou como as outras pessoas, que seguem a moda. Seguir a moda? Hum....Nunca fui de querer ser igual, uma fotocópia, como vemos na noite, quando milhões de raparigas se vestem de igual, tão igual que até se começam a confundir na multidão. Ora vejamos: minissaia justa, top em V aberto até ao umbigo (estou a exagerar óbvio), sapatucho de salto alto e voilá. Não tenho nada contra a forma como se vestem mas realmente quando olhava à minha volta via tudo assim, sem nada que sobressaísse.
Os homens gostam delas assim.
Bastou-me usar uma minissaia para atrair alguns olhares. Funcionou. Mas ainda bem que não era uma justa ao rabo!!!:)
Na noite, sofremos muito de preconceito por aquilo que vestimos, especialmente em meios pequenos, onde a mentalidade das gentes é pequeníssima e restrita. Não olham a meios para menosprezar quem não se insere num padrão estético, olhando sempre para o conteúdo e a ostentação. Regem-se pelo que as suas estrelas preferidas vestem e não percebem que acabam por ser cópias dos outros e que a personalidade não está naquilo que vestes,
mas nas tuas tomadas de atitude e forma de pensar.
A "mulher ideal", não deve, portanto, ser aquela que se veste de acordo com as tendências, mas sim aquela que se sente bem com aquilo que veste, na altura em que o veste, com o corpo que tem, sem ter de pensar que vai agradar a este ou aquele. A "mulher ideal" é aquela que luta todos os dias por conseguir aquilo que quer, sem ter de pensar que está bem ou mal vestida. A "mulher ideal" é aquela que sorri para o mundo sem ter de pensar que lhe vão cortar as asas só porque é diferente do padrão predefinido pela sociedade. A "mulher ideal" é aquela que te segura na mão, mesmo quando lhe dás uma "estalada na cara", uma "facada nas costas", um "murro no estômago". A "mulher ideal" é aquela que, te é sempre sincera, independentemente de te magoar, porque sabe que a mentira ainda te trará mais dor. A "mulher ideal" é aquela que mantém os seus valores, independentemente do que digam, que está à vontade e sabe quando deve mudar, para o seu bem e não para o bem dos outros, que vai à luta e sabe aquilo que quer. A "mulher ideal" é aquela que demonstra todo o seu esplendor assim como todas as suas falhas, sem ter medo de ser "atropelada" porque errou. A "mulher ideal"...não existe! Existo eu, tu, ela, todas nós...que somos apenas pessoas com qualidades, fraquezas, medos, características que nos tornam únicas...assim como não existe um homem ideal.
Porque é que só falam da MULHER IDEAL?
Porque é que só falam da MULHER IDEAL?