Por onde anda o amor?
A cada dia que passa, sinto um cada vez maior vazio dentro do meu coração.
Não vejo amor em nenhum lado. Um abraço destemido e sincero, um beijo que perdura no tempo e nos lábios, uma alma enternecida com o calor humano, por uma ação que lhe tocou dentro do seu ponto mais puro e o qual explodiu num sentimento de alegria e sensação de bem-estar presente num simples sorriso ou olhar cúmplice, o simples agarrar de mãos que transpõe fronteiras, que passa de um gesto simples a um gesto de pura alegria e transmissão de boas sensações, que se limitam pela crueldade e frieza, o orgulho e medo de nos dar-mos a alguém.
Não vejo amor no olhar das pessoas. Vejo interesse, orgulho, posse, hipocrisia, receio de enfrentar sentimentos que nos arrebatam, mas cujos escondemos porque temos medo de assumir e demonstrar o que os outros não esperam de nós, perdendo assim a oportunidade de sermos felizes.
Julgamos os outros sem conhecer as suas reais motivações, o seu passado histórico que tanto influencia a sua maneira de ser, apontamos o dedo a todos, apontamos as armas para nos sentirmos superiores, altivos, Reis de uma nação que vive corrompida por pura hipocrisia e egoísmo. Há quem diga que somos aquilo que nos rodeia. E de facto, não foge muito desta verdade.
Mas podemos ser muito mais se aceitarmos as pessoas como elas são. Se ao invés de as recriminarmos, as apoiarmos em momentos desconcertantes da sua vida, se tentarmos ser "amigos" do próximo, sem pensar que iremos ser recompensados por isso. Seremos recompensados sim. Sempre. Mas nunca pela via material.
Onde anda o amor?
Foge-me das mãos? Não. Nem sequer vem ter comigo. Foge de mim a sete pés. Fica longe. Distância-se sempre que dentro de mim cresce algo, algo que nunca deveria crescer se é para sofrer.
De longe somos perfeitos, de longe somos fortes o suficiente para não cair em desespero, em sofrimento por alguém que entrou nas nossas vidas para nos fazer sofrer, por vezes sem querer, outras querendo e magoando de tal forma que trancamos o nosso coração a sete chaves durante algum tempo, e se formos saltando de desgosto em desgosto, vamos gelando cada vez mais, receando sempre mais e mais um novo sobressalto no nosso coração.
O quebrar de silêncios já mais será um bom conselheiro para aqueles que fogem às ditas regras sociais e de beleza.
Somos como somos, cada um à sua maneira e com os seus próprios problemas, e sofremos cada vez mais de preconceitos por não sermos os ditos "normais". Amor existe só para alguns. Aqueles que sabem ver para além da cara, do corpo, da forma de vestir, da cor, da etnia, etc. Amor existe para aqueles que sabem preservar uma amizade, o respeito por si e pelo outro, a confiança que nunca acaba, as confidências que tornam uma relação em algo único e pessoal.
Sou como sou e o amor não me quer e eu tenho tanto, mas tanto para dar.